Em 28 de outubro de 1902 foi criado o 7ͦ Distrito de Passo Fundo, correspondente às terras ao norte da sede, limitado pelo Rio Uruguai; a leste, pelo Rio Ligeiro e Peixe; e a Oeste pelo Rio Passo Fundo até a foz com o Rio Uruguai. A sede do distrito ficava em Capo-Erê. Em 1905, pelo ato n ͦ 105 de 06/06/1905, o distrito foi redividido entre o 3ͦ e o 6ͦ distrito de Passo Fundo.
Em 1906, o Engenheiro Marcelino Ramos, organizador do traçado da estrada de ferro, encontrou mais ou menos no centro destas matas, os descendentes de bandeirantes, agrupados próximos a um grande paiol coletor de erva cancheada. Nas suas anotações topográficas escreveu o nome para este local que ficou conhecido como “Paiol Grande” - aonde se localiza atualmente o município de Erechim.
Em 06 de outubro de 1908, o Presidente do Estado do Rio Grande do Sul criou a Comissão de Terras para a colonização da região, fazendo inicialmente a devida demarcação. Ele criou a Colônia Erexim, com sede onde hoje é Getúlio Vargas. - Em 1909, foi lançado o marco inicial da atual Getúlio Vargas, na época Erechim. Em 1916 a sede da Colônia Erechim foi transferida Paiol Grande. No ano de 1918 Paiol Grande se emancipou e passou a se chamar Boa Vista do Erechim.
Em 05 de abril de 1938, Boa Vista do Erechim é registrada como José de Bonifácio pelo decreto n ͦ 7210 (RS). Em 29 de dezembro de 1944 a cidade de Erechim recebe o seu nome atual. Nesta ocasião, o antigo Erexim optou por Getúlio Vargas e José Bonifácio ficou definitivamente Erechim.
Entendendo o contexto histórico fica claro que as transformações políticas, demográficas, geográficas, eclesiásticas e sociais influenciaram na constituição da atual Paróquia Evangélica de Erechim. Somente mais tarde, e após muitas mudanças de sua configuração inicial, a atual Paróquia Evangélica de Erechim ficou sendo conhecida como tal. Portanto fica claro que documentos antigos que citam o nome Erechim, na verdade, remetem à atual Paróquia Evangélica de Getúlio Vargas.
Para compreender o processo de formação da paróquia precisamos entender como se deu a colonização do norte do Rio Grande do Sul. Com o advento da Estrada de Ferro “São Paulo/Rio Grande” em 1910, começaram a chegar os primeiros colonos na Estação “Paiol Grande”. Nessa estação desembarcavam levas de imigrantes; e mesmo migrantes das chamadas “colônias velhas” do Rio Grande do Sul.
Em 03 de outubro de 1911 começa a funcionar o trajeto de trem, de Passo Fundo até Barro (Gaurama), que liga a Marcelino Ramos. Logo a Estação Barro passou a sediar um escritório da Comissão de Terras e também um escritório da companhia privada Kolonisations-Gesellschaft Luce, Rosa & CIA, LTDA.
A preocupação em acompanhar espiritualmente os colonos estava marcadamente presente. Em Getúlio Vargas (Antigo Erechim) já havia a configuração da presença da Igreja Evangélica Luterana Alemã. Em 23 de abril de 1911 foi constituída oficialmente a comunidade de Getúlio Vargas (Antigo Erechim).
A estrada de ferro está nas origens de nossas comunidades no norte do Rio Grande do Sul. Inicialmente o Pastor itinerante Arnold atendia as comunidades da nova colônia, estabelecendo residência na segunda metade de 1911 onde hoje é o município de Getúlio Vargas.
Em 1912 o P. Elsässer assumiu o pastorado na comunidade. Em 1914, a paróquia de Erechim (Antigo Erechim) possuía 10 comunidades e pontos de pregação. Em 1916 esse número aumentou para 14: Erechim, Erebango, Parada Gauer, Paiol Grande, Rio Negro, Baliza, Barro, Rio do Peixe Baixo, Rio do Peixe Alto, Rio Ligeiro Baixo, Rio Ligeiro Alto, Passo Fundo, Erechim Linha 6 e Sertão. Destas, encontram-se no âmbito da atual paróquia apenas a Comunidade de Paiol Grande (Atual Erechim), Barro (atual Gaurama), Baliza e Rio Negro. Em Rio Negro e Baliza não há mais comunidade devido à migração para outras áreas. O P. Elsässer deixou a comunidade/paróquia em 1919.
A Igreja já estava preocupada com a educação no início da colonização. Isto acontecia mediante o incentivo à criação e manutenção de escolas particulares bem como professores via comunidades evangélicas. Havia Igrejas de outras denominações sendo plantadas (literalmente) no âmbito da paróquia. Grandes incentivos financeiros vindos do exterior para essas igrejas dificultaram o trabalho dos pastores e das comunidades de nossa Igreja, visto que nossos membros dependiam quase que exclusivamente de recursos próprios para edificar igrejas, pavilhões e escolas.
Relatos em carta e jornal afirmam que o primeiro culto em Paiol Grande (atual Erechim) aconteceu em 13 de agosto de 1912 oficiado pelo pastor Arnold. Paiol Grande, nessa época, ainda era considerado um ponto de pregação.
Foto: Casa dos Viajantes onde foram celebrados os cultos de 1912-14
Em 1914 foram oficiados os primeiros cultos da então Comunidade Evangélica de Paiol Grande, ainda na casa dos viajantes; uma espécie de hospedaria. Neste mesmo ano foram oficiados alguns cultos por pastores itinerantes: pastor Gottschald (Ijui), pastor Kolfhaus (Panambi) e pastor Elsässer (Antigo Erechim).
Em 1925 foram redigidos os estatutos da Comunidade Evangélica Alemã de Boa Vista do Erechim, registrados em 02 de agosto de 1925 e publicados em “A Federação” em 03 de outubro de 1925. Este estatuto foi assinado pelo pastor Karl Troche (como presidente), pelo secretário Conrado Eckhardt, e pelo tesoureiro Jorge Símon.
Entre 1922 e 1926 foram criados mais dois pastorados nesta região, sendo que a paróquia de Getúlio Vargas (Alt Erechim) continuava atendendo algumas das comunidades mais próximas de sua área geográfica. O Pastorado de Barro (atual Gaurama) atendia barro, Linha 3, Três Arroios, Sarandi, Encantado e Boa Vista do Erechim. O pastorado de Barra Grande do Irany atendia Barra Grande, Itá, Uvá e Nova Teotônia. A comunidade de Boa Vista do Erechim contava em 1926 com 199 famílias (955 almas)
Em 1925 a localidade de Barro- RS passou a ser sede paroquial. A Paróquia ficou sem pastor pelo menos 5 meses. Depois disso veio a dura luta financeira e a carência de escolas. Nesta época veio o pastor Karl Troche que atendeu a paróquia de 1925 a 1928.
Ainda não encontramos dados precisos, mas, por dedução, em torno da década de trinta surgiu a Paróquia Evangélica de Erechim. Não se trata ainda da constituição atual da paróquia. Visto que, em 1988 Barra do Sarandi deixa de ser paróquia e se juta à Erechim.
A Paróquia de Barra do Sarandi surge em 1935 com sede pastoral na comunidade com o mesmo nome. Em 20 de junho de 1935 é instalado o Pastor Schiemann que permanece até abril de 1939.
Em 10 de novembro de 1937 o Estado Novo criou a Campanha de Nacionalização do Ensino. Sendo que no ano de 1942 foram proibidos os cultos em alemão. Em 1942 – foram presos 38 pastores do Sínodo Riograndense. Muitos documentos em alemão foram escondidos, confiscados e até mesmo queimados. Esse foi um dos motivos pelo qual não temos muitos documentos que possam detalhar a história de nossa paróquia. Outro motivo é que outros documentos foram extraviados, ou simplesmente descartados como lixo. Por esse motivo perdeu-se grande parte da história de nossos antepassados.
Formamos uma comissão de resgate histórico. Essa comissão está trabalhando na coleta, catalogação, arquivamento digital e pesquisa de documentos que possam trazer à luz informações que reconstituam nossa história. É um trabalho árduo e que exige tempo. Nesse sentido, pedimos aos leitores que possuam algum documento (fotos, cartas, livros, jornais etc.) que tenham relação com a nossa história para que entrem em contato conosco pelo telefone 54-33214364.
Num outro momento estaremos relatando sobre a história recente da Paróquia Evangélica de Erechim. De como ela passou por diversas transformações até chegar a sua constituição atual.
Comissão para resgate histórico da Paróquia Evangélica de Erechim