sexta-feira, 15 de outubro de 2010

HISTÓRIA DA PARÓQUIA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL EM ERECHIM





Não há como entender a história da Paróquia Evangélica de Erechim sem entender seu contexto histórico. Há muita confusão quanto ao nome Erechim, visto que originalmente o atual município de Getúlio Vargas era Erechim. Vejamos um pouco desse contexto:






Em 28 de outubro de 1902 foi criado o 7ͦ Distrito de Passo Fundo, correspondente às terras ao norte da sede, limitado pelo Rio Uruguai; a leste, pelo Rio Ligeiro e Peixe; e a Oeste pelo Rio Passo Fundo até a foz com o Rio Uruguai. A sede do distrito ficava em Capo-Erê. Em 1905, pelo ato n ͦ 105 de 06/06/1905, o distrito foi redividido entre o 3ͦ e o 6ͦ distrito de Passo Fundo.




Em 1906, o Engenheiro Marcelino Ramos, organizador do traçado da estrada de ferro, encontrou mais ou menos no centro destas matas, os descendentes de bandeirantes, agrupados próximos a um grande paiol coletor de erva cancheada. Nas suas anotações topográficas escreveu o nome para este local que ficou conhecido como “Paiol Grande” - aonde se localiza atualmente o município de Erechim.


Em 06 de outubro de 1908, o Presidente do Estado do Rio Grande do Sul criou a Comissão de Terras para a colonização da região, fazendo inicialmente a devida demarcação. Ele criou a Colônia Erexim, com sede onde hoje é Getúlio Vargas. - Em 1909, foi lançado o marco inicial da atual Getúlio Vargas, na época Erechim. Em 1916 a sede da Colônia Erechim foi transferida Paiol Grande. No ano de 1918 Paiol Grande se emancipou e passou a se chamar Boa Vista do Erechim.




Em 05 de abril de 1938, Boa Vista do Erechim é registrada como José de Bonifácio pelo decreto n ͦ 7210 (RS). Em 29 de dezembro de 1944 a cidade de Erechim recebe o seu nome atual. Nesta ocasião, o antigo Erexim optou por Getúlio Vargas e José Bonifácio ficou definitivamente Erechim.




Entendendo o contexto histórico fica claro que as transformações políticas, demográficas, geográficas, eclesiásticas e sociais influenciaram na constituição da atual Paróquia Evangélica de Erechim. Somente mais tarde, e após muitas mudanças de sua configuração inicial, a atual Paróquia Evangélica de Erechim ficou sendo conhecida como tal. Portanto fica claro que documentos antigos que citam o nome Erechim, na verdade, remetem à atual Paróquia Evangélica de Getúlio Vargas.


Para compreender o processo de formação da paróquia precisamos entender como se deu a colonização do norte do Rio Grande do Sul. Com o advento da Estrada de Ferro “São Paulo/Rio Grande” em 1910, começaram a chegar os primeiros colonos na Estação “Paiol Grande”. Nessa estação desembarcavam levas de imigrantes; e mesmo migrantes das chamadas “colônias velhas” do Rio Grande do Sul.


Em 03 de outubro de 1911 começa a funcionar o trajeto de trem, de Passo Fundo até Barro (Gaurama), que liga a Marcelino Ramos. Logo a Estação Barro passou a sediar um escritório da Comissão de Terras e também um escritório da companhia privada Kolonisations-Gesellschaft Luce, Rosa & CIA, LTDA.


A preocupação em acompanhar espiritualmente os colonos estava marcadamente presente. Em Getúlio Vargas (Antigo Erechim) já havia a configuração da presença da Igreja Evangélica Luterana Alemã. Em 23 de abril de 1911 foi constituída oficialmente a comunidade de Getúlio Vargas (Antigo Erechim).


A estrada de ferro está nas origens de nossas comunidades no norte do Rio Grande do Sul. Inicialmente o Pastor itinerante Arnold atendia as comunidades da nova colônia, estabelecendo residência na segunda metade de 1911 onde hoje é o município de Getúlio Vargas.


Em 1912 o P. Elsässer assumiu o pastorado na comunidade. Em 1914, a paróquia de Erechim (Antigo Erechim) possuía 10 comunidades e pontos de pregação. Em 1916 esse número aumentou para 14: Erechim, Erebango, Parada Gauer, Paiol Grande, Rio Negro, Baliza, Barro, Rio do Peixe Baixo, Rio do Peixe Alto, Rio Ligeiro Baixo, Rio Ligeiro Alto, Passo Fundo, Erechim Linha 6 e Sertão. Destas, encontram-se no âmbito da atual paróquia apenas a Comunidade de Paiol Grande (Atual Erechim), Barro (atual Gaurama), Baliza e Rio Negro. Em Rio Negro e Baliza não há mais comunidade devido à migração para outras áreas. O P. Elsässer deixou a comunidade/paróquia em 1919.


A Igreja já estava preocupada com a educação no início da colonização. Isto acontecia mediante o incentivo à criação e manutenção de escolas particulares bem como professores via comunidades evangélicas. Havia Igrejas de outras denominações sendo plantadas (literalmente) no âmbito da paróquia. Grandes incentivos financeiros vindos do exterior para essas igrejas dificultaram o trabalho dos pastores e das comunidades de nossa Igreja, visto que nossos membros dependiam quase que exclusivamente de recursos próprios para edificar igrejas, pavilhões e escolas.


Relatos em carta e jornal afirmam que o primeiro culto em Paiol Grande (atual Erechim) aconteceu em 13 de agosto de 1912 oficiado pelo pastor Arnold. Paiol Grande, nessa época, ainda era considerado um ponto de pregação.










Foto: Casa dos Viajantes onde foram celebrados os cultos de 1912-14



Em 1914 foram oficiados os primeiros cultos da então Comunidade Evangélica de Paiol Grande, ainda na casa dos viajantes; uma espécie de hospedaria. Neste mesmo ano foram oficiados alguns cultos por pastores itinerantes: pastor Gottschald (Ijui), pastor Kolfhaus (Panambi) e pastor Elsässer (Antigo Erechim).


Em 1925 foram redigidos os estatutos da Comunidade Evangélica Alemã de Boa Vista do Erechim, registrados em 02 de agosto de 1925 e publicados em “A Federação” em 03 de outubro de 1925. Este estatuto foi assinado pelo pastor Karl Troche (como presidente), pelo secretário Conrado Eckhardt, e pelo tesoureiro Jorge Símon.


Entre 1922 e 1926 foram criados mais dois pastorados nesta região, sendo que a paróquia de Getúlio Vargas (Alt Erechim) continuava atendendo algumas das comunidades mais próximas de sua área geográfica. O Pastorado de Barro (atual Gaurama) atendia barro, Linha 3, Três Arroios, Sarandi, Encantado e Boa Vista do Erechim. O pastorado de Barra Grande do Irany atendia Barra Grande, Itá, Uvá e Nova Teotônia. A comunidade de Boa Vista do Erechim contava em 1926 com 199 famílias (955 almas)


Em 1925 a localidade de Barro- RS passou a ser sede paroquial. A Paróquia ficou sem pastor pelo menos 5 meses. Depois disso veio a dura luta financeira e a carência de escolas. Nesta época veio o pastor Karl Troche que atendeu a paróquia de 1925 a 1928.


Ainda não encontramos dados precisos, mas, por dedução, em torno da década de trinta surgiu a Paróquia Evangélica de Erechim. Não se trata ainda da constituição atual da paróquia. Visto que, em 1988 Barra do Sarandi deixa de ser paróquia e se juta à Erechim.


A Paróquia de Barra do Sarandi surge em 1935 com sede pastoral na comunidade com o mesmo nome. Em 20 de junho de 1935 é instalado o Pastor Schiemann que permanece até abril de 1939.


Em 10 de novembro de 1937 o Estado Novo criou a Campanha de Nacionalização do Ensino. Sendo que no ano de 1942 foram proibidos os cultos em alemão. Em 1942 – foram presos 38 pastores do Sínodo Riograndense. Muitos documentos em alemão foram escondidos, confiscados e até mesmo queimados. Esse foi um dos motivos pelo qual não temos muitos documentos que possam detalhar a história de nossa paróquia. Outro motivo é que outros documentos foram extraviados, ou simplesmente descartados como lixo. Por esse motivo perdeu-se grande parte da história de nossos antepassados.


Formamos uma comissão de resgate histórico. Essa comissão está trabalhando na coleta, catalogação, arquivamento digital e pesquisa de documentos que possam trazer à luz informações que reconstituam nossa história. É um trabalho árduo e que exige tempo. Nesse sentido, pedimos aos leitores que possuam algum documento (fotos, cartas, livros, jornais etc.) que tenham relação com a nossa história para que entrem em contato conosco pelo telefone 54-33214364.


Num outro momento estaremos relatando sobre a história recente da Paróquia Evangélica de Erechim. De como ela passou por diversas transformações até chegar a sua constituição atual.




Comissão para resgate histórico da Paróquia Evangélica de Erechim






segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Pote de Bolachas da Vovó


Leia João 13.31-35
Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos. (João 13.35)

Queridos/as!
Uma vovó no auge da sua sabedoria, sempre que seus netos e os amiguinhos de seus netos brigavam ia até a prateleira da dispensa e buscava um pote cheio de balas e às vezes bolachas caseiras. Ao observar as discussões e encrencas dos meninos e meninas, lá estava a vovó distribuindo deliciosas bolachas em forma de coração. Enquanto faziam um lanchinho a vovó fazia as pazes entre eles, distraía-os com lindas histórias de contos de fadas e até mesmo histórias da bíblia.
Certo dia Luan, o neto mais jovem, perguntou para a vovó:
- Vovó, porque é que quando a gente briga a senhora sempre dá bolachinhas de coração para nós?
A vovó respondeu:
Querido luan: é que esse pote de bolachas é o pote do amor. Quando as coisas ficam amargas entre vocês eu procuro adoçar a brincadeira de vocês. O pote do amor é mágico! Você pode ver que depois que vocês fazem o lanchinho de vocês qualquer briga é esquecida e vocês fazem as pazes?
Nossa sociedade hoje está cheia de situações amargas. Sejam nas relações de trabalho, amizade, de educação, de comunidade, de família, ou em qualquer outra área. As pessoas andam impacientes, nervosas, preocupam-se mais consigo mesmas e esquecem que precisam de amigos, pessoas com que possam conviver. Em muitos casos há estresse envolvido. Tanto que as intrigas, brigas e discussões vão afastando as pessoas umas das outras. Falta tolerância e perdão.
Falta-nos uma vovó com o seu pote do amor para adoçar a nossa vida. Falta-nos dar atenção para a pessoa mais doce que passou por essa terra – Jesus Cristo – que agora está ao lado do Pai Celestial.
Ouvir falar de amor é algo que nos encanta. Milhares de mensagens são escritas o dia todo sobre o amor e sobre situações de amor. Mas amor é algo que não quer ser apenas sentido como um sentimento vago. Amor é algo para ser vivido intensamente. Não o amor egoísta que fácilmente vira ódio. Aquele tipo de amor que só quer receber e não quer dar. Mas o amor que se doa, que perdoa, que se envolve que se importa com o outro. Amor que traz e promove a paz. Amor que vem de Deus!
Dos inúmeros potes da vovó, aquele pote do amor tinha um poder especial. Não, não era a mágica como nos contos de fada. Era a presença em espírito daquela pessoa doce – Jesus – que tinha naquela vovó uma discípula fiel. Vovó Silvina era uma leitora assídua da Bíblia. Ela sabia que amor se constrói na prática da convivência. As histórias doces que ela contava tiravam a tenção entre os netinhos e seus amiguinhos como quem colhe uma flor. Com delicadeza e muito carinho.
Talvez a vovó Silvina não tenha conseguido fazer nenhuma grande obra para deixar o seu nome na história. Mas ela fez aquilo que Jesus colocou na sua mão para fazer: ela inventou o pote do amor. Não era o doce das bolachas, mas a doce atitude de promover o amor que fizeram aquela vovó uma pessoa muito especial!
Você querido/a leitor/a pode ajudar a adoçar as amarguras da vida. Deus nos colocou no caminho uns dos outros para que possamos promover o amor. Seja nas relações de trabalho, seja na escola, na vida em comunidade, na família, ou em qualquer outro lugar; sempre há uma pessoa que precisa receber uma palavra doce de carinho, um gesto doce de amor, uma atitude que promova a paz, um minuto que seja de atenção.
Pois Jesus nos diz: Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos. Amém!
Pastor Marcos Cesar Sander

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dá-nos Hoje o Pão Nosso de Cada Dia



O lema de nossa Igreja para 2010 fala de um pedido. Pedido em oração para que Deus nos dê o pão nosso de cada dia. Quando pedimos pelo pão, não pedimos apenas pela massa assada que sacia a fome material. Pedimos por tudo o que se refere ao sustento: “comida, bebida, roupa, calçado, casa, lar, meio de vida, dinheiro e bens, marido e esposa íntegros, filhos íntegros, empregados íntegros, patrões íntegros e fiéis, bom governo, bom tempo, paz, saúde, disciplina, honra, amigos leais, bons vizinhos e coisas semelhantes”. (Catecismo Menor)
Com isso, reconhecemos que tudo o que temos e somos vem de Deus. Ele nos alcança o sustento e nos dá a própria vida. No entanto, muitas são as pessoas que se julgam no direito de negociar e barganhar com Deus. Este tipo de pessoas só quer receber de Deus. E quando são convidadas a ofertar ou a fazer um esforço a mais para manter a Igreja do Senhor, a fé delas termina. É aí que se distingue entre o verdadeiro cristão e o mercenário. O mercenário apenas se aproveita da Igreja e quer receber tudo de Deus. Quando algo dá errado em sua vida ele passa a amaldiçoar a Igreja ou ao nome de Deus. Não nos esqueçamos: essa pessoa será julgada pelos seus atos e por suas palavras.
O bom cristão sabe que quanto mais ele ajuda, mais Deus se agrada dele. Fiel a Deus ele é “como uma árvore plantada na beira do riacho que no devido tempo dá o seu fruto ... E tudo quanto essa pessoa faz dá certo” (Sl 1).
Ser grato a Deus significa devolver parte do que Ele já nos deu para manter o trabalho na Igreja. E Deus sabe da nossa capacidade, das nossas condições. Ele também sabe do que alguns procuram esconder Dele. Nesse sentido, ninguém deveria contribuir por obrigação. Dinheiro dado de má vontade para o trabalho da Igreja é dinheiro maldito que não agrada a Deus. Mesmo porque, cada pessoa sabe do tamanho de sua fé. E Deus também sabe ouvir as orações das pessoas que tem fé.
Conforme afirmam as Sagradas Escrituras:
“Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu coração, não com tristeza nem por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. E Deus pode dar muito mais do que vocês precisam para que vocês tenham sempre tudo o que necessitam e ainda mais do que o necessário para fazerem todo tipo de boas obras.” 2 Coríntios 9.7-8
Um excelente ano de 2010 recoberto com as bênçãos de Deus.
Pastor Marcos Cesar Sander
Pastora Neida Inês Altevogt Sander